É
muito comum as pessoas saírem do campo e irem para
as cidades, onde esperam ter uma condição de vida melhor, um bom trabalho e
proporcionar uma boa educação para os filhos. Nos últimos anos, o contingente
populacional vindo do campo foi significativo. Com o aumento da população das
cidades, os centros urbanos estão cada vez mais populosos e se tornando locais
onde a qualidade de vida é baixa. O barulho, o trânsito caótico, a
criminalidade e outros fatores parecem estar expulsando a população mais
abastada destes centros e, em muitos casos, as pessoas preferem se mudar para a
periferia, preferencialmente para condomínios horizontais de luxo, onde há
mais tranquilidade e qualidade de vida.
Condomínio horizontal nos Estados Unidos |
De acordo com Rita Raposo, em um
artigo publicado sobre condomínios fechados em Lisboa, o fenômeno dos
condomínios fechados tem proporção internacional e nas duas últimas décadas
passaram então a fazer parte do panorama espacial e social de diversas cidades
em todo o mundo. Ainda, os condomínios fechados devem ser interpretados,
simultaneamente, como uma forma de segregação única e como um produto
imobiliário específico (Raposo, 2002 e 2003). Tal fenômeno teve origem com os gates communities nos Estados Unidos da
América e alcançaram todos os continentes.
Casas em condomínio americano |
Ao contrário do que ocorre nos
Estados Unidos, nossos condomínios não são chamados de comunidades, pois, no
Brasil, este termo designa as áreas onde moram os habitantes das classes mais baixas, a exemplo das favelas,
e, logicamente, as ditas classes média e alta não querem ser confundidas com
estes. “Na verdade, os moradores brasileiros parecem desprezar bastante essa
ideia de comunidade” (CALDEIRA, 2000, p. 262).
Jardim Barcelona, condomínio de luxo localizado em Uberlândia |
Outra clara diferença dos condomínios
fechados brasileiros em relação aos estadunidenses é que, por aqui, as casas
não são construídas com o mesmo padrão arquitetônico. De acordo com a autora há
um “alto valor ligado à ‘personalidade’ da casa, compartilhado por todas as
classes sociais, provavelmente explica por que casas padronizadas não são
comuns entre a elite” (CALDEIRA, 2000, p. 262).
Entrada do Jardim Barcelona em Uberlândia |
Suposto (2003, ET AL) afirma que os
condomínios fechados são empreendimentos que redimensionam o processo de
construção do espaço urbano, uma vez que uma série de implicações
socioespaciais decorrem, principalmente, do fato de se localizarem em áreas
periféricas das cidades que costumavam ser ocupadas por favelas e bairros
populares.
Condomínio Gávea Paradiso, também localizado em Uberlândia |
Ainda, é preciso destacar que a
produção do espaço urbano engloba ações de agentes sociais diversos, permeadas
por práticas que se combinam ou que são contraditórias. A atuação de tais
agentes sociais na produção do espaço urbano ocorre segundo uma lógica própria,
que é marcada “pela convergência ou divergência de interesses, refletindo, mediante
suas intervenções, relações políticas de alianças ou de conflitos entre os
diferentes segmentos sociais” (CALIXTO, 2004 , p.46). Desse modo, o espaço
urbano é um produto da prática de tais agentes sociais, que são responsáveis
por criarem constantemente novas formas urbanas, como por exemplo, os shopping
centers e os condomínios fechados.
Gávea Hill II, mais um condomínio horizontal de luxo localizado na Zona Sul Uberlandense |
Horácio Capel (1974), ao analisar o
processo de produção do espaço na Espanha, entende que os agentes sociais
envolvidos neste processo são as grandes empresas, os proprietários fundiários,
as construtoras e o Estado, e salienta que a expansão e transformação da cidade
“tem se realizado essencialmente em função dos interesses da iniciativa privada
e tem sido determinada quase sempre pela estrutura da propriedade” (CAP EL,
1974, p. 28). Assim, o autor defende que os condomínios fechados são produtos
que se vendem pela imagem veiculada pela mídia por interesses particulares.