segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O Fenômeno dos Condomínios Fechados pelo Mundo

É muito comum as pessoas saírem do campo e irem para as cidades, onde esperam ter uma condição de vida melhor, um bom trabalho e proporcionar uma boa educação para os filhos. Nos últimos anos, o contingente populacional vindo do campo foi significativo. Com o aumento da população das cidades, os centros urbanos estão cada vez mais populosos e se tornando locais onde a qualidade de vida é baixa. O barulho, o trânsito caótico, a criminalidade e outros fatores parecem estar expulsando a população mais abastada destes centros e, em muitos casos, as pessoas preferem se mudar para a periferia, preferencialmente para condomínios horizontais de luxo, onde há mais  tranquilidade e qualidade de vida.
Condomínio horizontal nos Estados Unidos
            De acordo com Rita Raposo, em um artigo publicado sobre condomínios fechados em Lisboa, o fenômeno dos condomínios fechados tem proporção internacional e nas duas últimas décadas passaram então a fazer parte do panorama espacial e social de diversas cidades em todo o mundo. Ainda, os condomínios fechados devem ser interpretados, simultaneamente, como uma forma de segregação única e como um produto imobiliário específico (Raposo, 2002 e 2003). Tal fenômeno teve origem com os gates communities nos Estados Unidos da América e alcançaram todos os continentes.
Casas em condomínio americano
            Ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, nossos condomínios não são chamados de comunidades, pois, no Brasil, este termo designa as áreas onde moram os habitantes das classes mais baixas, a exemplo das favelas, e, logicamente, as ditas classes média e alta não querem ser confundidas com estes. “Na verdade, os moradores brasileiros parecem desprezar bastante essa ideia de comunidade” (CALDEIRA, 2000, p. 262).
Jardim Barcelona, condomínio de luxo localizado em Uberlândia
            Outra clara diferença dos condomínios fechados brasileiros em relação aos estadunidenses é que, por aqui, as casas não são construídas com o mesmo padrão arquitetônico. De acordo com a autora há um “alto valor ligado à ‘personalidade’ da casa, compartilhado por todas as classes sociais, provavelmente explica por que casas padronizadas não são comuns entre a elite” (CALDEIRA, 2000, p. 262).
Entrada do Jardim Barcelona em Uberlândia
            Suposto (2003, ET AL) afirma que os condomínios fechados são empreendimentos que redimensionam o processo de construção do espaço urbano, uma vez que uma série de implicações socioespaciais decorrem, principalmente, do fato de se localizarem em áreas periféricas das cidades que costumavam ser ocupadas por favelas e bairros populares.
Condomínio Gávea Paradiso, também localizado em Uberlândia
            Ainda, é preciso destacar que a produção do espaço urbano engloba ações de agentes sociais diversos, permeadas por práticas que se combinam ou que são contraditórias. A atuação de tais agentes sociais na produção do espaço urbano ocorre segundo uma lógica própria, que é marcada “pela convergência ou divergência de interesses, refletindo, mediante suas intervenções, relações políticas de alianças ou de conflitos entre os diferentes segmentos sociais” (CALIXTO, 2004, p.46). Desse modo, o espaço urbano é um produto da prática de tais agentes sociais, que são responsáveis por criarem constantemente novas formas urbanas, como por exemplo, os shopping centers e os condomínios fechados.

Gávea Hill II, mais um condomínio horizontal de luxo localizado na Zona Sul Uberlandense
            Horácio Capel (1974), ao analisar o processo de produção do espaço na Espanha, entende que os agentes sociais envolvidos neste processo são as grandes empresas, os proprietários fundiários, as construtoras e o Estado, e salienta que a expansão e transformação da cidade “tem se realizado essencialmente em função dos interesses da iniciativa privada e tem sido determinada quase sempre pela estrutura da propriedade” (CAPEL, 1974, p. 28). Assim, o autor defende que os condomínios fechados são produtos que se vendem pela imagem veiculada pela mídia por interesses particulares.

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